Ao entrar no elevador, encontrei-me com alguém...
- Isso, olha fundo nestes olhos, reflexo disperso, estão retos?
- Sombreiam ao menos.
- E essas olheiras? Que tinta de azul petroleiro é essa que pintaram aí?
- Ah, bem, não sei se aquilo foi sonho ou falta de dormir, o fato é que zanzei perambulando procurando uma causa perdida.
- Esqueça-a, roupas rasgam, livros também, então encosta no travesseiro, que se anoiteceu é pra não ver mesmo, ou sol seria. Que cara plácida, lavada! Bem faria-lhe um batom!
- Vermelho? Será que ele me viu estampada em mim mesma assim pela manhã?
- Ah, tive impressão de olhar canteiro vindo dele, mal sei. Melhor tentar o batom. Já encheu os lagos de lágrimas de novo? Bem fosse seca de deserto esse olhos miúdos. Pelo menos cílios longos pra piscadas. Rugas grandes de moldura, quanta sobra...
- Pare com isso, sou só eu, desde menina.
- Não sei, difere tanto, pele manchada, tampa e cortina. Cadê aquela alegria boba de estar?
- Ah, tá por aí, hora ou outra encontro-a. Melhor sorrir mesmo.
- Nossa que sorriso pequeno, escancara!
- Assim?
- Sim, mas é o batom. Segura esses cabelos na cabeça, se não, caem-lhe ... Que rosado o rosto!
- Bem fariam-me umas rosas ganhadas...
- Ah, procura nos livros, vai estudar mais que acha e ganha, chegamos.
Desci. E da próxima vez só pego elevadores sem espelho. Sempre encontro aquela mesma pessoa do reflexo, dele me encarando e instigando.
domingo, 27 de setembro de 2009
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Precipitados
Abriu os olhos e não viu a meia luz das velas vermelhas,
atrás da cortina acendia-se a grande lâmpada do Sistema,
tudo voltava ao normal, problema.
Saltou e do salto viu,
o salto alto jogado na estante,
a meia de seda,
o vestido, o diamante.
Os olhos saltados,
borrados,
buscavam,
camisa,
calça,
terno,
um breu,
um ego deixado,
um algo não seu.
Nem lembrava se a lua pela vidraça
fora cheia, crescente, ou minguante,
Só cheia era a taça,
crescente o choro,
minguante a graça.
O repirar achou
ao largar do isqueiro,
junto às rosas, o cheiro,
um eau de parfum
deixado no travesseiro.
De cabelos desalinhados,
boca suja de batom,
abriu a porta,
descalça e moleton,
correu pra encotrar
o dono dos aromas
e das rosas
em qualquer lugar.
Num desencontro,
um, elevador,
outro, escada,
ela descia.
Ele subia,
num braço o café da manhã,
no outro, lírio embalado.
Porta trancada, voltou os passos,
não lhe deixou recado.
Pensou em nada,
mas que ela o deixara.
E ele, ela em paz,
pra nunca mais,
numa despedida calada.
Catástrofe precipitada.
atrás da cortina acendia-se a grande lâmpada do Sistema,
tudo voltava ao normal, problema.
Saltou e do salto viu,
o salto alto jogado na estante,
a meia de seda,
o vestido, o diamante.
Os olhos saltados,
borrados,
buscavam,
camisa,
calça,
terno,
um breu,
um ego deixado,
um algo não seu.
Nem lembrava se a lua pela vidraça
fora cheia, crescente, ou minguante,
Só cheia era a taça,
crescente o choro,
minguante a graça.
O repirar achou
ao largar do isqueiro,
junto às rosas, o cheiro,
um eau de parfum
deixado no travesseiro.
De cabelos desalinhados,
boca suja de batom,
abriu a porta,
descalça e moleton,
correu pra encotrar
o dono dos aromas
e das rosas
em qualquer lugar.
Num desencontro,
um, elevador,
outro, escada,
ela descia.
Ele subia,
num braço o café da manhã,
no outro, lírio embalado.
Porta trancada, voltou os passos,
não lhe deixou recado.
Pensou em nada,
mas que ela o deixara.
E ele, ela em paz,
pra nunca mais,
numa despedida calada.
Catástrofe precipitada.
domingo, 20 de setembro de 2009
Beautiful waste of time
Sweet taste of doing nothing,
let's kill the time together?
Just like a bang-bang movie,
or a fairy tale happily ever after.
Drinking beers to the sunset
till the day comes up again.
Watch the birds, burn the watches,
Drawing the maps, jumping from trains.
Steal the money from a fortune-teller,
Getting tips in avenues,
Then spend it all together,
Taking pics, me and you.
Not to reveal or to see,
Just to dream and sleep in time,
like we always wanted to,
rescue a pleasure left behind.
let's kill the time together?
Just like a bang-bang movie,
or a fairy tale happily ever after.
Drinking beers to the sunset
till the day comes up again.
Watch the birds, burn the watches,
Drawing the maps, jumping from trains.
Steal the money from a fortune-teller,
Getting tips in avenues,
Then spend it all together,
Taking pics, me and you.
Not to reveal or to see,
Just to dream and sleep in time,
like we always wanted to,
rescue a pleasure left behind.
All that passes by, washes and goes by
I don't have that sand fixed in the skin with the sunscream any longer,
not that black make-up and pink lipstick and that rose's smelt from the lotion, no, no more.
All that came,
washed
took,
got,
all
off.
In the nights I look for your hands,
surprise, surprise,
you're not upon my arms.
Since that day,
when the rain passes, and washes, and went by.
It took you from me
just like the petals
of that rose
used for the body lotion
took from the wind
that came, and weaspered, and ran far.
not that black make-up and pink lipstick and that rose's smelt from the lotion, no, no more.
All that came,
washed
took,
got,
all
off.
In the nights I look for your hands,
surprise, surprise,
you're not upon my arms.
Since that day,
when the rain passes, and washes, and went by.
It took you from me
just like the petals
of that rose
used for the body lotion
took from the wind
that came, and weaspered, and ran far.
sábado, 12 de setembro de 2009
Lá ou cá?
- Acho que devemos ir pra Berlim!
- Não, Nova Iorque!
- Pegar um trem e andar de bicicleta nos campos primaveris a caminho de Mintelberg
- Andar de bicicleta pelo Central Park a tarde inteira
- Como no The Reader
- Como Autumn in New York
- Passear na margem do Reno
- Passear da Ponte do Brooklyn
- Tirar foto no muro que sobrou
- Aparecer no telão no meio da Time Square
- Ver as cidades cheias das casinhas típicas
- Ver as pessoas mais modernas do mundo
- Berliner Dom
- Empire State Building
- Tá, cansei... vamos decidir de uma vez.
- Então, você que sabe, Curitiba ou Camboriú?
- Não, Nova Iorque!
- Pegar um trem e andar de bicicleta nos campos primaveris a caminho de Mintelberg
- Andar de bicicleta pelo Central Park a tarde inteira
- Como no The Reader
- Como Autumn in New York
- Cerveja, a maior do mundo
- Coca-cola, a maior do mundo- Passear na margem do Reno
- Passear da Ponte do Brooklyn
- Tirar foto no muro que sobrou
- Aparecer no telão no meio da Time Square
- Ver as cidades cheias das casinhas típicas
- Ver as pessoas mais modernas do mundo
- Berliner Dom
- Empire State Building
- Tá, cansei... vamos decidir de uma vez.
- Então, você que sabe, Curitiba ou Camboriú?
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Órgão principal
De todos os fios, os que restaram no travesseiro: suficiência. Não há pra que mais. Na escova, o resto. No chão, quase o todo. O vento balança-os cá ou lá de qualquer jeito. Daquele coração, sal ou ferro: caiu pouco. Pesado e fraco. Um esmalte vermelho, velho e empedrado. Não batia bem aqui ou ali há tempo. Dos pulmões imundos, desceu pó e subiu fumaça. Entre os carros todos os dias, dióxido de carbono ia atropelá-lo. Estava vivendo sob pressão de um modo ou outro. Do cérebro, levou as lembranças, não lembro. Ficava horas beirando o abismo entre o sonho e a verdade, meio suicida ele andava mesmo.
De
tudo,
pouco
a pouco,
nada
sobrou.
A vida,
tirou,
de mim,
tudo de mim:
morte.
O corpo morreu,
eu vivi.
Nem senti.
Eu,
Eu não morri.
Porquê?
Tiraram-me tudo,
menos você.
De
tudo,
pouco
a pouco,
nada
sobrou.
A vida,
tirou,
de mim,
tudo de mim:
morte.
O corpo morreu,
eu vivi.
Nem senti.
Eu,
Eu não morri.
Porquê?
Tiraram-me tudo,
menos você.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Escorregando para não cair
No chão da varanda
derrubaram azeite
e sabão em pó
e detergente.
Alguém precisou colocar
a cadeira de três pernas
naquele mesmo lugar.
A menina tinha deixado
bolinhas de gude espalhadas,
Então usei a cadeira sem perna
Pra pegar do varal as meias molhadas
e subir em patins laminados.
O pessoal do circo
tinha deixado de lado
as cordas bambas pelas paredes
e as gangorras
e os bichos treinados
e as sapatilhas de ponta das bailarinas
no chão de azeite, azeitonas e caroços.
E eu, que achei que ia me sentar na varanda
e ver a lua sem precisar me equilibrar,
Via taças e garrafas de vinho tomado
e degraus novos a me chacoalhar.
-Alguém pode colocar o chão no tapete por favor?,
Preciso de certezas pra pisar.
derrubaram azeite
e sabão em pó
e detergente.
Alguém precisou colocar
a cadeira de três pernas
naquele mesmo lugar.
A menina tinha deixado
bolinhas de gude espalhadas,
Então usei a cadeira sem perna
Pra pegar do varal as meias molhadas
e subir em patins laminados.
O pessoal do circo
tinha deixado de lado
as cordas bambas pelas paredes
e as gangorras
e os bichos treinados
e as sapatilhas de ponta das bailarinas
no chão de azeite, azeitonas e caroços.
E eu, que achei que ia me sentar na varanda
e ver a lua sem precisar me equilibrar,
Via taças e garrafas de vinho tomado
e degraus novos a me chacoalhar.
-Alguém pode colocar o chão no tapete por favor?,
Preciso de certezas pra pisar.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
O que vou ser quando crescer
- Astronauta de outra galáxia, bailarina de circo nômade, bióloga de animais gigantes, cientista de experimentos proibidos, motorista de trem fantasma, engenheira de prédios voadores, cenegrafista de tubarões, testadora de brinquedos da disney, detetive da polícia internacional, espiã da CIA, paraquedista de precipícios patrocinada...
- Tem certeza que não quer ser médica minha filha?
- Tenho mãe, muito perigoso.
- Tem certeza que não quer ser médica minha filha?
- Tenho mãe, muito perigoso.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
1 minuto
19h 29min, 1 minuto para dizer tudo. Aqui dói, ali também, as besteiras do dia formam pilhas, a matéria se recusa a ir embora, a música da Maria Rita não pára de tocar, você vê meu pensar o dia inteiro, plano A, plano B, plano C, plano Desespero, mania de passar a mão no cabelo. Sou bonita? Preciso de um espelho sincero. Sou normal? Preciso de um psicólogo mentiroso. 19h30.
Assinar:
Postagens (Atom)