terça-feira, 22 de setembro de 2009

Precipitados

Abriu os olhos e não viu a meia luz das velas vermelhas,
atrás da cortina acendia-se a grande lâmpada do Sistema,
tudo voltava ao normal, problema.
Saltou e do salto viu,
o salto alto jogado na estante,
a meia de seda,
o vestido, o diamante.
Os olhos saltados,
borrados,
buscavam,
camisa,
calça,
terno,
um breu,
um ego deixado,
um algo não seu.
Nem lembrava se a lua pela vidraça
fora cheia, crescente, ou minguante,
Só cheia era a taça,
crescente o choro,
minguante a graça.
O repirar achou
ao largar do isqueiro,
junto às rosas, o cheiro,
um eau de parfum
deixado no travesseiro.
De cabelos desalinhados,
boca suja de batom,
abriu a porta,
descalça e moleton,
correu pra encotrar
o dono dos aromas
e das rosas
em qualquer lugar.
Num desencontro,
um, elevador,
outro, escada,
ela descia.
Ele subia,
num braço o café da manhã,
no outro, lírio embalado.
Porta trancada, voltou os passos,
não lhe deixou recado.
Pensou em nada,
mas que ela o deixara.
E ele, ela em paz,
pra nunca mais,
numa despedida calada.
Catástrofe precipitada.

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