sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A nós mesmos e aos clichês, ouvidos

Abri as caixas todas, e os embrulhos, brilhos, pacotes - nada.
Cartas deles, delas- nada.
As folhas folheei dos livros, nem de ponta-cabeça - nada.
'Varreram as palavras pra baixo do tapete', levantei - nada.
-Abre a bíblia, só não escolhe, é aleatório, é a sorte!
Nada.
Da canção só ouvi o piano e o violão,
nem segunda voz cantou, coral,
nada.
Tentei assombração,
os espíritos
borra de café,
o destino na cartomante, nada.
Dicionário inglês, sânscrito, desenho animado, inanimado, japonês...
nada.
O mundo inteiro e um auto-falante jogado no fim da trilha,
a Terra que só gira e esquece de me mandar um telegrama,
sentei na areia, ouvi o vento soprando bobagem,
nada vindo de tudo,
nenhum um cartão postal de viagem.
Senti aquele frescor do ar,
e da pele, um perfume...
Fechei os olhos,
auto-falei e alto falei,
'Há tempo de tudo no mundo,
de chorar e aprender,
de liberdade e amargor
alegria e amor,
e esse tempo é como a palavra,
vem e vai pra sempre.
O mundo só gira,
você é que caminha,
se já passou por momentos piores,
agora, busca os momentos melhores.'
Abri os olhos,
e vi que a lua nem tinha pedido licença pra chegar,
mas, também, a lua só gira,
e as pessoas só falam - um nada sem sentido,
e nada melhor, nós mesmos,
deixar de lado as liras,
fechar os olhos,
usar um lugar-comum
e num lugar comum dizer:
o mundo só gira,
e ninguém melhor pra nos falar o que fazer,
que não nós mesmos.

2 comentários:

  1. oi mi,
    estou mesmo ausente na internet, todo dia chego tarde e fds tenho 1000 coisas pra fazer.

    adoro seus textos, esse está otimo
    beijao!

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