quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Última cartada

Já passara no relógio a hora
de pormos tudo em pratos limpos
e tirarmos o pó de todo aquele amor pendurado na parede.
Devíamos mesmo
ter passado a limpo a nossa história,
arrancado as folhas das cartas
como arrancáramos o amor dos maus lençóis
e as pétalas de um bem me quer que logo acabou.
Antes tivéssemos
tentado trocar o disco,
dejuntar as juras de pé junto sobre o tapete da sala,
entregar nosso amor de bandeja pro vizinho ao lado.
Mas ficamos lado a lado sós,
na espera de que algum de nós
colocasse todas as cartas sob a mesa
e acabasse a angústia em instantes
(em que chamamos uma cartomante e o garçon;
arrastemos nosso amor pra debaixo do tapete que está muito bom.)

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